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quarta-feira, 19 de março de 2025

Livro de Fátima Ribeiro revela como um homem e um sonho revolucionaram a educação no semiárido potiguar

Escola de Zé: Fé e Educação Transformadora

    Nas terras banhadas pelo sol do sertão Potengi, conhecemos a história de José Miguel, um homem cuja trajetória é tecida entre sonho e luta. No livro "A Escola de Zé", a professora e historiadora Fátima Ribeiro desenha, com tintas de resistência e devoção, a epopeia de um visionário que semeou uma escola no coração árido do Nordeste. Um idealista cuja missão foi erguer uma instituição de ensino onde educação e fé convergem para romper ciclos de exclusão no município de São Paulo do Potengi.

    Um livro fundamental para conhecer de forma detalhada o processo de criação da Sociedade Educadora São Francisco (SESF), fundada há quase 60 anos. Fazem parte dessa trajetória o famoso Monsenhor Expedito, conhecido como “Profeta das Águas” - símbolo da luta por água no sertão até sua morte no ano de 2000. Seu texto, embasado em depoimentos e observação direta, inclui na documentação pesquisada desde a ata de fundação da escola até a lei de doação do terreno ainda na década de setenta. Assim, evidencia como a escola se tornou um espaço de emancipação, onde crianças e adultos aprendem a ler e interpretar o mundo. Como aparece na orelha do livro, citando o historiador francês Jacques Le Goff – a memória atualiza e reinterpreta as impressões e informações passadas.

    A obra é prefaciada pela Doutora em Ciências Sociais, Irene de Araújo Van Den Berg, que nos mostra como o trabalho dialoga profundamente com os princípios defendidos por Paulo Freire especialmente no que se refere à educação como instrumento de libertação, à valorização do saber popular e à construção coletiva do conhecimento. Assim, A Escola de Zé materializa, em narrativa literária, muitos dos ideais freireanos: é uma história sobre como a educação, quando enraizada na comunidade e voltada para a autonomia, pode ser semente de libertação. Assim como em Pedagogia do Oprimido, a obra mostra que a verdadeira educação não domestica, mas desperta — e nesse despertar, os "frutos" são justiça, cidadania e a coragem de semear novos futuros, mesmo em solo árido.

    Em cada página, respira-se o cheiro da terra molhada após a primeira chuva. Na cidade, A escola de Zé é mais que um lugar: é um canto de resistência, um verso vivo na paisagem do Sertão, onde cada criança carrega nas mãos — além do lápis — a semente de um futuro que já começa a desabrochar.

    Abaixo, um raro registro do senhor José Miguel falando sobre seu convívio inspirador com o Monsenhor Expedito – por ocasião da 3ª edição do Centenário de Nascimento do Profeta das Águas.



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