O ano de 2020 foi marcado
por uma série de desafios impulsionados, sobretudo, pela questão da pandemia.
Mudanças na rotina e quebra de paradigmas puderam ser sentidas em diversas
áreas e com a educação não foi diferente. Desde a suspensão das aulas em meados
de março no país o Ensino Remoto
acabou sendo a única solução para muitas instituições de ensino. O que
significou, por sua vez, um grande desafio para alunos e professores. A
necessidade de repensar modos de aprendizado, alteração na rotina e ainda, uso
de novas tecnologias, estão entre os principais exemplos.
ENSINO REMOTO: O QUE É ISSO?
Primeiro é importante destacar que ensino remoto não é EaD. Alguns termos ainda confundem um pouco, vamos tentar apresentar de forma simples as principais semelhanças e diferenças de alguns termos que vem sendo utilizados nesse novo contexto que passa a educação. Termos como; Ensino a Distância (EaD), Ensino Hibrido, Ensino Remoto Emergencial e o Ensino Remoto Intencional podem gerar algumas dúvidas sobre seu significado.
ENSINO
A DISTÂNCIA (EaD)
O ensino a distância não
é tão novo como alguns podem pensar e já existe, pelo menos, desde a primeira
metade do século XVIII com os cursos por correspondência iniciadas nos Estados
Unidos e, em seguida, se espalhando por outros países. No Brasil, só a partir
do início do século XX que teremos os primeiros cursos por correspondência. A
partir da década de 1940 o famoso Instituto Universal Brasileiro se torna uma
importante referência na formação profissional. Com o surgimento da internet a
modalidade EaD ganhou ainda mais importância e presença nos vários níveis de
ensino do país.
Entre os principais aspectos presentes hoje no ensino EaD estão a massificação do seu conteúdo, ou seja, existe uma plataforma padronizada com videoaulas, vídeos tutorias, diversos suportes e materiais pedagógicos, além do professor conteudista, temos a presença de um tutor responsável por tirar dúvidas.
ENSINO REMOTO (EMERGENCIAL E INTENCIONAL)
Nesse
formato temos um modelo que é usado, inicialmente, em situações de graves
crises. Segundo Eucidio Pimenta da UFMG, em artigo publicado em maio de 2020
sobre a educação remota emergencial e publicado na revista Em Rede, o ensino remoto é uma mudança temporária da entrega de
conteúdos curriculares para uma forma de oferta alternativa, devido à situação
da crise. Envolve o uso de soluções de ensino totalmente remotas para as aulas
previamente elaboradas no formato presencial, podem ser combinadas para
momentos híbridos ao longo da crise, em situações de retorno parcial aulas e
quantitativo de alunos e possuem duração delimitada pelo tempo em que a crise
se mantiver. Entre os principais aspectos presentes no ensino remoto
emergencial estão a personalização, a aula em tempo real, substituição da carga
horária presencial, permanência do mesmo professor e ainda, uma interação mais
frequente.
Segundo Michael Horn,
autor do livro Blended: usando a
inovação disruptiva para aprimorar a educação de
2015 e considerado uma das principais referências no chamado Blended Learning
(Ensino Hibrido), uma das principais vantagens desse formato seria a
possibilidade de o estudante ter o seu próprio ritmo de aprendizagem.
Nesse sentido, o ensino hibrido, que tem os momentos síncronos e assíncronos como elementos constitutivos do processo de ensino, seria a junção do formato presencial com o online. Cada qual com seus próprios objetivos de ensino aprendizagem.
ENSINO REMOTO NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO
NORTE
Após a aprovação pelo
Conselho Nacional de Educação e do Ministério da Educação em adotar o ensino
remoto no país muito problemas foram escancarados, como a grande desigualdade
existente no que se refere ao acesso dos alunos as aulas disponibilizadas pela internet. Segundo pesquisa PNAD divulgada em abril de
2020 mostrou que mais de 46 milhões (25,3% da população) pessoas não tem acesso
à internet, ou seja, 1 em cada 4. Nas áreas rurais esse percentual chega a
53,5% e nas áreas urbanas 20,6%. Esses números apresentam apenas uma parte do
desafio em alcançar todos os alunos com as atividades remotas. Sem contar,
claro, com outros diversos problemas causados pela pandemia.
Por aqui no Rio Grande do
Norte a Secretaria Estadual de Educação divulgou em dezembro de 2020, que pouco
mais de 50% dos estudantes da rede tiveram acesso aos conteúdos
disponibilizados pelos professores no formato remoto. O que aumenta o desafio
para que nós, professores, possamos pensar estratégias criativas para alcançar
um número maior de alunos por meio das diversas plataformas existentes
atualmente como o Google Meet (plataforma de videoconferência), YouTube (para
produção e compartilhamento de aulas), Google Forms (Plataforma de
gerenciamento de pesquisa), o Google Classroom, as próprias redes sociais, o
popular WhatsApp para dinamizar a comunicação entre as turmas e a escola, e outros
diversos recursos existentes.
Aula síncrona em turma do 3º ano do Ensino Médio em videoconferência pelo Google Meet
PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO REMOTO
Em relação a todos os
pontos relatados até aqui, temos apenas uma certeza; não há receita pronta para
transpor tantos desafios. É necessário ressignificar o papel do professor e do
aluno. O que temos é o empenho e o esforço de vários professores que mesmo sem
as condições adequadas se desdobram para fazer o possível e tentar alcançar o
máximo de alunos nesse momento histórico em que vivemos.
São muitos os exemplos de boas práticas pedagógicas aqui mesmo em nosso estado com tantas carências e de várias ordens. Gostaria de convidar os colegas professores, se possível, a compartilhar um pouco de suas experiências, produções e iniciativas nesse contexto de ensino remoto. De forma singela deixo aqui uma pequena contribuição que foi a produção de uma série de vídeos sobre os principais pensadores e sistemas teóricos em Filosofia que tem certa recorrência no ENEM para auxiliar meus alunos do ensino médio de forma assíncrona, além dos encontros síncronos e as muitas interações realizadas pelas diferentes plataformas ao longo do ano de 2020. Por fim, afirmo, podemos errar, podemos acertar, mas certamente não ficaremos parados.
Link para a aula nº 1 <https://www.youtube.com/watch?v=CQBDepjnf1Q&t=20s>