Já imaginou fazer uma
aventura de pedal com a turma e ficar ilhado por causa da maré cheia - tendo
que aguardar por um resgate? Foi exatamente o que aconteceu com os amigos do
grupo Vamos Trilhar, recentemente. Foram momentos de tensão e adrenalina que
deram um sabor especial a essa aventura até Barra de Cunhaú, também conhecido
como o Caribe do Nordeste. Quem nos contou os detalhes desse episódio inesquecível
foi o colega Beto – um dos organizadores da aventura.
Naquele segundo sábado de
maio, dia 13, o sol dava o ar da graça, precisamente, as 5h21 da matina. A
tabua de maré informava a primeira cheia para o fim da manhã, por volta das
11h. Saindo de Natal, mas precisamente da Rodoviária, Beto, encontrou os colegas
Leo e Cardoso e seguiram com destino a Rota do Sol para encontrar o restante do
grupo – Guilerme e Rejane. Dos sete ciclistas esperados, por questões de saúde,
só confirmaram presença os cinco citados. Faz parte.
Guilherme foi o
primeiro a ligar o Strava (aplicativo para registrar os treinos). Às 4h57 da
matina já estiva conectado. Todos juntos com o nascer do sol. O objetivo da
aventura era fazer um cinturão até Barra do Cunhaú, localizado no município de
Canguaretama. Passando por Pipa – em Tibau do Sul. Um percurso de quase 170 km
no total. Inicialmente, foi combinado em irem pelo litoral e voltarem pela BR
101. O detalhe é que a equipe subestimou a velocidade da cheia da maré. A sorte
foi a mochila de Rejane, sempre com uma carta na manga.
Já em Pirangi, por
volta das 7h, uma parada rápida para um café esperto e reforçado. A região é
conhecida por abrigar o maior cajueiro do mundo. A árvore foi plantada por um
pescador ainda no final do Brasil imperial, em 1888, desde então, não parou
mais de crescer. Um verdadeiro privilégio para nossa região. A turma seguiu até
a praia de Barreta, localizada no município de Nísia Floresta com a intenção de
fazer a famosa travessia das Dunas de Malembá – em direção a Pipa. Importante
registrar que o município de Nísia Floresta leva esse nome em homenagem a
primeira educadora fermina do Brasil. Nascida em 1810, Dionísia Gonçalves Pinto
usa “Nísia Floresta Brasileira Augusta” como pseudônimo. Na época a cidade
ainda se chamava Vila de Papary. Seu primeiro livro “Direitos das mulheres e
injustiça dos homens” foi escrito aos 22 anos de idade. Muita riqueza histórica
nessa região.
Em seguida, após um
belo passeio à beira mar, chegaram ao final da linha à espera da Balsa. A maré
subia bem mais rápido que o esperado. Era por volta das 9h da manhã e nada da
Balsa. O grupo começa a ficar apreensivo ao perceber que não havia como voltar
pelo mesmo caminho. Estavam “presos”, ilhados e a espera da Balsa para fazer o “resgate”.
Por sorte um rapaz em uma lancha de turistas ouve os apitos de Cardoso e os chamados
do grupo, comunica a balsa, que após alguns bons minutos resgatou a turma.
Alivio. Mas, como diria um colega “pedal só presta com laranjada”, rsrs.
Após esse “pequeno”
susto, nada melhor que aproveitar as belezas de Pipa, suas riquezas naturais e gastronômicas.
Após um merecido descanso para almoçar, por volta das 15h, a turma segue em
direção a Barra de Cunhaú - em Canguaretama. Vale destacar a importância histórica
de Canguaretama para o estado. Suas riquezas vão muito além das belas praias.
Guardam forte valor histórico e cultural, atraindo cada vez mais turistas de vários
lugares. Aqui, temos o primeiro engenho do estado, datado de 1604, o Engenho
Cunhaú (palco dos massacres). O episódio histórico mais conhecido da região,
sem dúvida, foi o triste massacre de Cunhaú, ocorrido em 1645, no contexto da
invasão holandesa. Em 2017, o Papa Francisco canonizou os Mártires de Cunhaú e
Uruaçu no Vaticano, em Roma. O que mostra a importância e o prestigio
internacional do local.
Iniciando o retorno, no
final da tarde, a turma chega a Parnamirim, por volta das 23h. Por fim, todos
chegaram a suas casas em segurança. Prazeres que só a Bike proporciona. Afinal,
é isso que levamos da vida. Memórias felizes, as amizades e experiências incríveis.
Parabéns a todos os
ciclistas que participaram dessa aventura. Corpo e alma são alimentados de
experiências como essa. Que outros possam conhecer e se inspirar a explorar as riquezas
da região.