O surgimento do trem a vapor foi um importante marco da chamada
revolução industrial liderada pela Inglaterra ao longo do século XIX.
Fundamental para o funcionamento das fábricas, o trem desempenhou um papel
central durante a primeira e a segunda guerra mundial. A estrada de ferro
alterou a dinâmica econômica e social desde então, possibilitando o surgimento
de cidades, encurtando distâncias e promovendo uma verdadeira revolução na
produção agrícola e na mobilidade entre as cidades e até mesmo entre países.
Em 1804 temos a primeira locomotiva a vapor na Inglaterra. No Brasil a
primeira locomotiva só vai operar em 1854 no Rio de Janeiro. No Rio Grande do
Norte, o primeiro trecho ferroviário data de 1881, ainda no período imperial e
operado pela empresa inglesa Great Western of Brazil Railway (G.
W. B. R.). O primeiro trecho ferroviário a operar no RN foi o trecho Natal-Nova
Cruz. Já o segundo trecho só vai operar a partir de 1906 ligando
Natal-Ceará-mirim. É importante ressaltar que a presença da estrada de ferro no
RN foi fundamental para a dinamização da economia. A estrada de ferro teve
papel importante como medida contra a seca por meio da geração de empregos e no
escoamento da produção agrícola, por exemplo.
Em 1916 é inaugurada a famosa ponte de ferro do Igapó, que funcionou até
o ano de 1970. Projetada inicialmente apenas para a passagem do trem, foi por
54 anos a única ligação da cidade com o vale açucareiro (que representava em
torno de 60% da economia do estado) e o restante da cidade. O primeiro trem a
inaugurar a famosa ponte de ferro (também chamada de ponte dos ingleses) foi
uma locomotiva a vapor chamada Catita no ano de 1916. Uma
viagem que contou com as maiores autoridades políticas do período, entre os
quais estavam, além do governador Ferreira Chaves, o escritor e
historiador Câmara Cascudo, à época com apenas dez anos de idade.
Por meio da iniciativa do Instituto
dos Amigos do Patrimônio Histórico e Artístico-Cultural e da Cidadania
(IAPHACC), presidido pelo pesquisador Ricardo Tersuliano, foram realizados estudos e pesquisas sobre a
história da ferrovia no RN e surgiu a ideia de resgatar a Catita,
por meio judicial, (que estava em Pernambuco desde a década de setenta) para o
nosso estado, juntamente com um acervo, conseguido por meio de doações de
ferroviários que acreditaram no projeto e na necessidade da construção de um
museu que promova o resgate e a preservação da memória do trem em
nosso estado, assim como sua divulgação.
Por meio de uma parceria com o IFRN Campus Cidade Alta o Museu
Ferroviário encontrou seu local de existência e exposição
permanente na nova unidade do IFRN localizado no bairro das Rocas. A
instituição federal de ensino inaugurou a nova unidade em 2016, restaurando a
antiga Rotunda (antiga oficina de trens), mantendo a
arquitetura original do prédio histórico e hoje disponível para toda a
comunidade. Além dos cursos médio, técnicos integrados e subsequentes o prédio
abriga, ainda, o museu do trem (Museu Ferroviário Manoel Tomé de Souza). Uma
das principais atrações que compõe o acervo do museu é sem dúvida a primeira
locomotiva a vapor a inaugurar a ponte de ferro de Igapó, a Catita em
1916.
*Foto: Samuel Souza
Tive o prazer de conhecer o local. Excelente texto
ResponderExcluirBonito trabalho em resgatar um pouco da história ferroviária do nosso Estado. Parabéns!
ResponderExcluirBelíssima fundamentação teórica sobre a importância histórica, econômica e cultural do sistema ferroviária do nosso estado. Apesar do museu do trem do IFRN unidade Rocas aí está em processo de finalização, mas é muito interessante a visita , pois retrata toda esse momento histórico Parabéns!!
ResponderExcluirTive a oportunidade de conhecer e o os colaboradores estão de parabéns por resgatar mais uma história do Rio grande do Norte.
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